CANAL DE SÃO ROQUE

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Foto de Gabriel Pereira




terça-feira, 29 de janeiro de 2013

ESTE É UM TEMPO

Foto de Carlos Pereira
 
 
 
 
 

ESTE É UM TEMPO

Carlos Pereira
 


Este é um tempo de fomes proclamadas

De presente mais que adverso, indeciso.

Assente em falácias subtilmente propaladas,

Direcionadas ao alvo sempre fácil e preciso.
 


Este é um tempo de figuras asnadas

De um futuro mais que incerto, impreciso.

Os vampiros bebem o sangue das manadas;

Em troca, piedosos, oferecem pálido sorriso.
 


Este é um tempo de ignóbeis enxovalhos

Gizados por uma casta inepta mas arguta,

Que teima pôr de cócoras quem labuta.
 


Este é um tempo de dizer aos bandalhos

Num grito sentido, feroz, clamando justiça,

Que usaremos a força da voz em toda a liça.

 

 Aveiro, 27.11.2012


in Poetas d'hoje  - Colectânea - Um grito contra a pobreza
Edição Grupo de Poesia da Beira Ria - Aveiro - Outubro 2015



 



domingo, 20 de janeiro de 2013

MULHER, HINO E ANJO

Foto retirada da Net
 
 
 
MULHER, HINO E ANJO

Carlos Pereira
 

Tu, Mulher, hino e anjo que conheces todas as estradas

No interior dos astros, perpetuarás para todo o sempre

O amor, no azul celestial dos céus e voarás,

Altiva, lado a lado, com a pomba branca da paz milenar;

Assim crias o embrião do sorriso no Universo

E destróis a solidão, que vagueia no sangue

Das veias das nossas vidas.
 
 
 
 
Aveiro, 16.05.2012
 


sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

SONETO PARA MINHA MÃE

Foto de Carlos Pereira
 
 
 
 
 



SONETO PARA MINHA MÃE

Carlos Pereira

 

 

Estou só, por dentro e por fora,

Neste futuro que chegou tão depressa.

Minh’ alma ainda ri, ainda chora,

O tempo da infância que começa

 

Nas lembranças da criança que sou agora;

E toda a memória em fio de amor se teça.

Recordo o silêncio bondoso, na aurora

Dos teus olhos, para que a infância permaneça.

 

Tão real tão dolorosa esta tristeza lerda;

Deixaste-me as tuas mãos para que as afagasse,

Quando a saudade me lembrar a tua perda.

 

Partiste mas a casa não ficou desabitada;

Órfão, fiquei de ti não das palavras onde nasce

O poema onde te trago sempre lembrada.

 

Aveiro, 3.1.2013


Publicado no Diário de Aveiro