Foto de Carlos Pereira
NINGUÉM ME AFASTA DA PALAVRA
Carlos Pereira
Ninguém me afasta da palavra,
generosa e vagabunda que habita em mim.
Todos os silêncios me abordam num gozo infinito,
fluidos e harmoniosos, que matam a sede ao meu deserto
quando sonho com a liberdade.
Todas as sombras me devolvem o fulgor das palavras
com que construo muros e rostos, escudo protector,
contra a libertina dança da voracidade.
A imóvel pedra no ciclo da água rés ao ventre do rio,
origem e princípio de tudo, desafia a génese da humanidade
e não cala o impulso ingénuo que nasce nas veias do meu
poema,
enquanto houver catedrais a silenciar a voz da dignidade.
Aveiro,07.07.2012
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