Foto retirada da Net
MENINO
DA RUA
Carlos Pereira
Sou
apenas um, dentre muitos,
que
não está no meio da estrada que te leva.
Faço
parte da parte que sabe que em muitos dias
pouco
ou nada comes durante o dia.
Rebolo
na relva e exalo o cheiro húmido da terra
nos
finais do outono.
Faço
parte da parte que sabe que vais sentir frio
nos
ossos no inverno da cama.
Ouço
a música das estrelas nas noites de luar
e
sei de cor as canções que me ensina o mar.
Faço
parte da parte que sabe que tu já perdeste
a
esperança de sonhar.
Dá-me
a tua mão.
Vou
levar-te onde há gente que chora por ti.
Que
traz uma cebola na algibeira para não usar
as
suas verdadeiras lágrimas ( usam as do crocodilo)
porque
podem fazer falta
para
desgraças mais importantes que a tua.
A
ti, menino da rua, já te secaram as lágrimas
e
finges ser feliz na tua humildade.
Faço
parte da parte que sabe que te roubam a mocidade,
mas
também sei que jamais te usurparão a dignidade.
Aveiro,
06.04.2013
Publicado
no Diário de Aveiro
in Poetas d'hoje - Colectânea - Um grito contra a pobreza
Edição Grupo de Poesia da Beira Ria - Aveiro - Outubro 2015
in Poetas d'hoje - Colectânea - Um grito contra a pobreza
Edição Grupo de Poesia da Beira Ria - Aveiro - Outubro 2015
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