Foto de Carlos Pereira
EXCENTRICIDADES
Carlos Pereira
Quero encher os olhos de mar
e as mãos vazias com a solidão
dos mortos.
Quero encher o coração com a luz
do deserto
e a serenidade do céu.
Não quero que a imortalidade,
sequestre a força da onda no
abraço do mar.
Não quero que a tempestade,
perturbe os pássaros no meu
onírico voar.
Quero cruzar-me com a vespertina
suavidade
da água que escorre pelas pedras
a cantar.
Quero aprender a ser imortal e
receber
flores silvestres no derradeiro
momento
em que as palavras tenham sílabas
sincopadas.
Quero uma torrente de bondade
para irrigar as veias
dos caminhos extenuados de homens
cativos.
Quero tocar o céu que é anseio
antigo,
tão antigo como o próprio céu;
mas tocá-lo, não sei se consigo,
antes de o anseio ser apenas meu.
Aveiro,
13 de Dezembro de 2015
Publicado
no Diário de Aveiro
Muito bom, o poema, amigo. Estes seus desejos demonstram que tem a beleza de tudo dilatada nos olhar... Gostei.
ResponderExcluirBeijos.
Para lá de todos os azuis
ResponderExcluirAbraço
Olá, Carlos.
ResponderExcluirBelíssimo poema, ainda que de uma melancolia que emociona.
"tocar o céu é anseio antigo" de tantos de nós - algum conseguirá?
um abraço amigo