CANAL DE SÃO ROQUE

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Foto de Gabriel Pereira




sexta-feira, 30 de setembro de 2016

O VOO DO INSECTO


Foto de Salete Pereira



O VOO DO INSECTO
Carlos Pereira


Há uma brandura na mão que afaga o rosto da tarde,
e o silêncio da noite estelar irá comover-se com esse gesto.

O voo do insecto projecta-se na seara
através do vento tórrido de um verão de pedra,
e o suor desse esforço dessedenta o sangue aceso
das veias do solo rugoso e gretado,
cemitério incandescente, onde descansam os ossos
do nosso comiserador descontentamento.

Aveiro, 31 de Agosto de 2016
Publicado no Diário de Aveiro



2 comentários:

  1. Ora viva, meu caro Poeta, Carlos Pereira!...
    Espero que esteja de boa saúde; o resto vai acontecendo, mesmo que as condições não sejam as melhores para as terras por onde passamos!...
    É verdade, apesar do esforço, parece que nada podemos contra o que nos corre fora das veias, ainda que sempre seja melhor sabermos o que não vemos bem dentro de nós, do que sentirmos as fraturas de uma terra árida, ressequida... sem veios nem veias por onde pudéssemos correr como sangue vivo!...
    A Vida também é isto!...

    Um forte abraço, Carlos Pereira e que a saúde o mantenha sempre disposto a escrever mais um Poema!...

    Bom fim de semana

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  2. Um excelente poema, amigo. Profundo e sentido.
    Uma boa semana.
    Beijos.

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