Foto de Carlos Pereira
CALHANDO,
HAVEMOS DE ACREDITAR
Carlos
Pereira
Calhando,
havemos de descobrir a rota de todos os mares,
encontrar
o mapa para um destino desenganado;
Tecer redes,
urdiduras, para capturar a
essência
multicolor da hemorrágica espuma
que
nos escapa por entre os arruinados dedos.
Havemos
de reacender o farol primevo que antecipou
toda a
sabedoria, grada ou mindinha, que nos regenerou
através
dos ciclópicos tempos na demanda da embocadura do rio, onde desaguarão as
memórias e os silêncios ancestrais, luz catarsia, para as vindouras primaveras.
Havemos
de combater, sem tréguas, sem tibiezas,
o
sucedâneo do homem-bom e o trajecto desajustado para a igualdade do anquilosado
mundo risível.
Há que
criar novos manuais onde a solidão e o esquecimento serão conquistas absurdas
do conhecimento.
Que se
estanque o sangue que corre por fora do nosso corpo em guerras torpes, que se aniquilem
os exércitos que campeiam na parada de cada um em todas as pátrias.
Que se
decrete à nascença, ainda no inocente berço, o poema como arma a empunhar
quando beligerantes formos,
para
podermos viver depois de morrer algumas vezes.
Calhando,
havemos de acreditar.
Aveiro, 29 de Março de 2018
Publicado no Diário de
Aveiro
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