CANAL DE SÃO ROQUE

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Foto de Gabriel Pereira




domingo, 29 de abril de 2012

CANÇÃO DE ADORMECER



Foto de Carlos Pereira




CANÇÃO DE ADORMECER
Carlos Pereira



Vem devagar, devagarinho, sem pressa,
Traz as palavras que te expandem a boca;
Traz a força do grito, aventurado, que impeça
A tortura que a tua ausência provoca.

Desfia, pura e bela, o linho puro desta mágoa,
Escurece-me os cabelos brancos desta vida
E enxuga, com o teu olhar, os meus olhos rasos de água.
Embala o meu peito, quando nele for, a morte pressentida.

Quando a noite vier, generosa e límpida, sussurra-me
Uma canção, com palavras de amor, a sair do teu seio,
Numa procissão de estrelas e lágrimas floridas da lua.

Quando a manhã raiar, vagarosa e diáfana, murmura-me
Um poema, sem palavras de dor, que na tua pele leio,
Em convulsões ritmadas de mim na tua carne nua.



Aveiro, 10.04.2012







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