TENHO
PARA MIM TODOS OS MARES
Carlos
Pereira
tenho para mim todos os mares da minha pátria
todos
os barcos são os meus olhos
a
velarem os inexpugnáveis horizontes
a água
profunda da tua boca
inunda-me
com a mesma mansidão
com
que as ondas adormecem em mim
e
invadem sofregamente todos os poros
da
tempestade que excita os nossos corpos
num
ritual tão primitivo como o orgíaco beijo
um
silêncio límpido de liberdade
abraça-nos
até á exaustão no entendimento da palavra
na
raiz imutável dos lugares a que pertencemos
Aveiro, 14.07.2022
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