Joselito no filme Marcelino, Pão e Vinho
Imagem retirada da Net
DO BAÚ DA MINHA MENTE
Carlos Pereira
Nas recônditas lembranças improváveis
Do baú da minha mente,
Acendeu uma luz distante, amarela e profusa;
A luz, por ser amarela, só poder ser da torcida
Do candeeiro a petróleo que iluminava
As paredes e os tectos das minhas noites,
Nessa longínqua idade dos seis anos.
Ou seriam sete… talvez oito;
Eram oito com toda a certeza. Já lia bem,
Embora não entendesse tudo o que lia.
(Hoje entendo tudo o que leio,
Embora não leia tudo o que entendo).
Podia ter-me recordado dos deveres da escola;
Feitos à pressa, porque as brincadeiras já esperavam
No palco da rua, onde nos, transformava-mos em actores
De peças sempre improvisadas com cenários transparentes;
De lúcida alegria.
Podia ter rebobinado o filme das batalhas do faz de conta. - Lembras-te mano?
Que bom seria, que nas guerras disparassem só balas de amizade; iguais às nossas.
Podia ter-me recordado das naus que transportavam os nossos sonhos;
As aventuras de marinheiros em mares sem Adamastores.
Mas, o que aporta ao cais da minha memória com uma nitidez imarcescível;
É a recordação da minha primeira matiné, levado pela mão do meu avô materno.
O filme chamava-se, se bem me lembro: Marcelino, Pão e Vinho.
Joselito, o rouxinol das montanhas, com a sua voz, quase divina,
Fazia de conta, tal como nós, no mesmo palco da vida.
Aveiro, 14.03.2011
Publicado no Diário de Aveiro
Dito no programa de fados e poesia, “Solar da Bairrada”, pelo fadista e poeta José Guerreiro na Rádio Província de Anadia
Memórias sentidas
ResponderExcluirmastros com aves que descansam de tantos voos
Abraço
A televisão sempre foi uma caixinha mágica!... Ali estavam sonhos que nos transportavam para a fantasia de mundos tão mágicos quanto a nossa fantasia!... Como vivemos a nostalgia do preto e branco, traduzindo, talvez, a simplicidade das coisas, da vida e o mistério da cor na qual nossas vidas se pintavam; bem diferente da inversão das cores e das vidas destes novos tempos em que o preto e branco tende a tornar-se mais preto no negro de vidas desesperadas!... A fantasia parece ter perdido a cor e o preto e branco da infância, de minha também, significava uma imensidão de cores, a cor que passava da caixa mágica para a cor da fantasia real, também ela cheia de magia!...
ResponderExcluirOs sonhos até podem ter perdido a cor, pois o tempo não se compadece e a idade não costuma perdoar pecados voluntários ou involuntários, naturalmente, todavia, a memória é uma oferta onde as características originais dos sonhos mantêm intacta a fantasia da infância!... A cor, apesar de vista através de uma cortina sépia, envelhecida pelo tempo, pinta-nos aquele brilhozinho nos olhos da infância… onde todas as cores estão guardadas até ao “The end”.
Bom fim de semana
Abraço
Do baú da minha mente também saíram imensas memórias assim...
ResponderExcluirUm beijo.
Memórias de infância que nos fazem reviver e voltar atrás no tempo. Do Josélito lembro-me de uma canção que era CAMPANÉRA...não sei se se escreve assim, mas lembro-me que nós cantávamos com ele esta palavra, pois era a mais sonante. Adorei o seu baú de memórias. Beijos com carinho
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