Foto de Carlos Pereira
QUASE
UM RETRATO
Carlos
Pereira
Sol-posto
Sol poente!
Nesta
praia que tanto gosto;
Há
tanta gente descrente
A
abandonar o seu posto.
Meia volta
Roda-viva,
Quem
me solta
E me
não priva.
Jaqueta apertada
Cavalo
elegante:
Abaixo
a tourada
E a
morte num instante.
Obrigado senhor doutor!
Grato
senhor-ministro
Pelo
pão com bolor;
Encomendo-vos
a Cristo.
Já fui rei sem povo
E ao
povo me dei;
Voltaria
a ser de novo
Pastor
da minha grei.
A montanha pariu um rato.
O
gato comeu o bofe.
Este
país é de facto
Um
grande regabofe.
Diz o rei para o bobo:
- O
povo sempre primeiro!
Olha
que belo lobo
Vestido
de cordeiro.
Ladrão que rouba a ladrão
É
dele amigo ou sócio.
- Apenas
desviei um milhão!
Trabalho?
Só conheço o ócio.
Mar de vida mar de morte,
Meu
barco a navegar.
Serei
marinheiro com sorte
Se
este País não naufragar.
O sorriso de uma criança
O
grito do adolescente;
São
a minha esperança
Para
o Mundo, futuramente.
Ai Deus me valha!
Quem
pouco faz enriquece.
Quem
tanto trabalha
Tanto
ou mais empobrece.
Tanto pobre na penúria
Tanta
miséria encoberta
Tanto
rico na luxúria;
Todos
iguais na morte certa.
Este país de miséria
Tem
fraca democracia.
Dos
políticos é só léria
A
corrupção é uma razia.
Este povo que se esfola
De
tão pobre mete dó.
Mão
estendida à esmola
Não
tem lugar no forrobodó.
Orgulho português
É um
sorriso rasgado.
Ao
menos uma vez
Seja
por todos, lembrado.
Calhou-nos em sorte
Sofrer
e viver à míngua.
Antes
que venha a morte;
Hei-de, cartar-te Pátria língua.
Aveiro,
05.05.2012
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