CANAL DE SÃO ROQUE

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Foto de Gabriel Pereira




terça-feira, 20 de julho de 2010

POEMA INSTANTÂNEO



(Foto de Gabriel Pereira)



                                            POEMA INSTANTÂNEO
                                                   Carlos Pereira

                                                    
                                          

                                  Vou fazer um poema instantâneo
                                  Com palavras a esmo e avulso.
                                  Se no final for um sucedâneo
                                  Pouco importa; valeu o impulso.

                                  Martelo bate com cadência na bigorna
                                  Da minha adormecida inspiração,
                                  Para ver se a minha musa torna
                                  A escrever versos pela minha mão.

                                  Palavras leva-as o vento - diz o povo!
                                  Com sabedoria ancestral e sensatez;
                                  Levadas sejam para longe do poço covo.

                                  Doravante triste fico se ignorando não lês
                                  Meus versos que reinventar de novo;
                                  Minha musa voltou e serei poeta de vez.


                                                      Aveiro, 28.05.2010    


sexta-feira, 16 de julho de 2010

AMOR E DOR



(óleo sobre tela de Salete Pereira)


               

       AMOR E DOR
      Carlos Pereira



Este anseio pungente
De te querer sem te ter;
Dói-me somente…
Por noutros braços te saber.

Dos teus olhos mendigo
Um sorriso um olhar,
Que serão o meu abrigo
Quando a dor voltar.

Quisesse eu esquecer-te!
Minha vontade não deixa
Que esta chama se feneça.

Merecerei eu perder-te?
Meu amor, minha gueixa;
Não peças que te esqueça.

       

        Aveiro, 18.04.2010    
       
       

quarta-feira, 14 de julho de 2010

A PALAVRA



(Foto de Gabriel Pereira)





A PALAVRA
Carlos Pereira



Renascida da água e do fogo,
A palavra dita assim,
Na fímbria da página,
Sem preconceitos ou falsos ornatos;
É o começo de tudo.
É o peão da mente
Que o xadrez da tirania…
Nunca vence.



Aveiro, 14.07.2010




MOMENTO (Às vezes)



(Foto de Gabriel Pereira)



          
   MOMENTO (Às vezes)
          Carlos Pereira




   É vórtice
   Num ápice

   É fatal
   Se irracional

   É d’ ouro
   Se duradouro


   É complexo
   Sem amplexo
  
   É banal
   Quando superficial

   É imenso
   Quando intenso

   É grandioso
   Quando precioso

   É pungente
   Quando se mente

   É tudo isto
   E muito mais
   E muito mais
   Do que isto



   Aveiro, 11.04.2010










sábado, 10 de julho de 2010

NO GUME AFIADO DO SILÊNCIO


(óleo sobre tela de Salete Pereira)





 NO GUME AFIADO DO SILÊNCIO
  Carlos Pereira




 No gume afiado do silêncio;
É noite já.
Noite cor de âmbar flamejante
Onde nossos poros regurgitam
Desejos em leito amante.


Já sinto os passos invisíveis
Dos teus sentidos.
Apressados…
Tanto quanto os meus;
Para a valsa dos predestinados.



Aveiro, 09.05.2010






                                                                                

sexta-feira, 9 de julho de 2010

FESTA DA VIDA



(Foto de Gabriel Pereira)



            
            FESTA DA VIDA                                              
             Carlos Pereira



Ame-se as pedras e as flores
E os acordes dos besouros.
Do arco-íris são suas cores
Meus sonhos imorredouros.

Que cada dia seja uma festa
No milagre constante da vida.
E no tempo que ainda resta;
Mereçamo-la para ser vivida.

Pouco me importa ser aprendiz
Da palavra e artesão de poemas
Que ninguém escuta ou diz;

Desde que não lhes calem a voz
E não os silenciem com algemas;
Ou morram às mãos d’ algum algoz.


             
              Aveiro, 09.05.2010                         

terça-feira, 6 de julho de 2010

HOMENS LIVRES



(óleo sobre tela de Salete Pereira)



                         


                            HOMENS LIVRES
                              Carlos Pereira




O mundo gira num vórtice sobre castelos de ilusão!
No meu peito abrem-se janelas feitas de esperança;
Guardiãs de sonhos e de futuros que jamais virão,
Se ficarmos aquém dos horizontes que a vista alcança.

Por que há-de a vida ser alicerçada numa pantomina?
Soltemos as amarras dos barcos das nossas emoções,
E rumamos, determinados, arquitectando a própria sina…
À conquista d’ um mundo sem algemas nem grilhões.

E os fantasmas que ainda habitam na nossa memória,
Se consumam na voragem do tempo que já pereceu…
Será que seremos capazes de mudar o rumo da história?
Para sermos homens livres que o despotismo não venceu.

                               
                                                          
                               Aveiro, 02.04.2010 

segunda-feira, 5 de julho de 2010

FANTASIA



(Foto de Gabriel Pereira)


                                           
               FANTASIA
           Carlos Pereira



Do cais da minha fantasia
Vejo estrelas, algumas de cetim.
Será loucura ou utopia?
Se outros não as vêem assim.

Vejo horizontes de lava
Em fúria incandescente,
Que a minha fantasia cava
Em delírio comovente.

Vejo sois ardendo desejo
Em céus de espuma e mar;
Na tua boca deixam um beijo

Feito de ternura celestial
E de pedaços de luar:
-Minha fantasia será imortal.


                                           
                                                Aveiro, 01.05.2010                                                           



sábado, 3 de julho de 2010

TEUS OLHOS



(óleo sobre tela de Salete Pereira)





       TEUS OLHOS
      Carlos Pereira



Pelos teus olhos me perco
Pela sua luz me perdi;
Seu brilho é um cerco
Que me acorrenta a ti.


Teus olhos são pontos
Verdes no céu azul…
Por eles ficam os meus tontos;
Vendo o norte onde é sul.

Teus olhos são campos
Em flor e estrelas nos céus;
São lindos pirilampos


A brincar com os meus;
Mostrando os encantos
E a doçura dos olhos teus.



    Aveiro, 26.05.2010