CANAL DE SÃO ROQUE

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Foto de Gabriel Pereira




sexta-feira, 16 de maio de 2014

NUNCA SABEREI TUDO



Foto de Carlos Pereira






NUNCA SABEREI TUDO

Carlos Pereira

 

 

 

Nunca saberei tudo! Ninguém sabe tudo!

Saber mais deve ser o objectivo de cada um,

para poder afirmar: nunca saberei tudo.

 

Quem quer saber mais, aprende.

Quem aprende, sabe mais.

Sabe mais.

Sabe tanto.

Sabe tanto ou mais.

Sabe muito.

Sabe muito mais.

Sabe mais ou menos, para dizer que nunca saberá tudo.

 

Se perguntarem a quem sabe muito, por que é azul a água do mar, responderá:

- Esta questão tem a ver com a Física; o que determina a cor

é a quantidade de luz solar que incide sobre a água e a sua profundidade,

as partículas suspensas nela e o comprimento de onda da luz que é reflectida.

 

Se me perguntarem, a mim que sei muito pouco, respondo:

- O mar é o céu com água e com peixes em vez de estrelas.

Mas isso sou eu que sou poeta.

 

Quem me dera não saber nada, eu que sei tão pouco.

Assim não discordava do que dizem os que sabem tanto ou, tanto ou mais, muito ou

muito mais, e, esses não se davam ao trabalho de discordar das minhas opiniões,

porque eu nem sequer dominava os argumentos para as emitir, malgrado meu.

 

Por que somos tão próximos das pedras, das árvores, dos rios e dos montes,

dos mares e do sol que nem sequer pensam ou sabem que existem?

 

É na ambiguidade de uma possível resposta a esta simples semântica
que assenta a evidência do meu princípio opinativo:

Nunca saberei tudo! Ninguém sabe tudo!






Aveiro, 08.05.2014

Publicado no Diário de Aveiro

 


terça-feira, 13 de maio de 2014

NÂO DEMORES O MEU ABRAÇO



Foto de Carlos Pereira




NÃO DEMORES O MEU ABRAÇO
Carlos Pereira
 
 
Deambulo entre a multidão na cidade desperta
Mas sinto-me tão só com a tua ausência.
Um nó de saudade o meu coração, aperta,
E aviva a sensata lembrança da tua existência.
 
Os meus sentidos estão em estado de alerta
Num anseio ardente da tua comparência
Para que a minha alma de tristeza, coberta,
Rejubile e apague a dolorosa impaciência.
 
Não demores o meu abraço nem a palavra amor,
Que te darei num beijo tão puro e soletrado.
Vem, não adies esta melancolia, quase dor.
 
Não voltes ao meu sonho tantas vezes sonhado
Sem te ver mais um dia. Ao céu um louvor
Enviarei se te vir no meu sonho, acordado.
 
 
Aveiro, 21.06.2013 

Publicado no Diário de Aveiro

 

 

 

 

 

 

 

 

 


sexta-feira, 9 de maio de 2014

APENAS



Foto de Carlos Pereira





APENAS
Carlos Pereira
 
Sou,
entre os teus olhos e o relâmpago;
Água e fogo.
Desejo secreto de ti.
 
És,
entre a madrugada furtiva e o estremecimento;
Asas e vertigem.
Desejo incendiado de mim.
 

Aveiro, 04.04.2014