CANAL DE SÃO ROQUE

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Foto de Gabriel Pereira




quinta-feira, 26 de maio de 2011

NO MEU CANTO



Foto de Gabriel Pereira





NO MEU CANTO
Carlos Pereira


Apetece-me escrever no meu canto,
Agora, neste preciso momento…
Neste inexorável segundo.
Todos temos direito a ter um canto;
Até tu meu irmão, coleccionador de infortúnios.

Neste canto de versos sem estrelas nem sois,
Vou fazer a manutenção das memórias
Para que sobrevivam à voragem do tempo;
Num tempo de poucas glórias.


Aveiro, 11.01.2011


quinta-feira, 19 de maio de 2011

INFINITAMENTE MAIS



Foto de Gabriel Pereira



            INFINITAMENTE MAIS
Carlos Pereira


Fujo, constantemente, dos rios mansos,
Por mais perigosos, infinitamente mais.
As suas águas cálidas e calmas, adormecem
Os corpos dos que ainda pensam e sonham.
Prefiro os outros, os bravos, por mais sinceros,
Infinitamente mais do nosso lado, na insubmissão
Dos leitos pré-escolhidos e das remadas,
Tão dolentemente iguais.

Aveiro, 07.04.2011
  

sexta-feira, 13 de maio de 2011

TRISTE SINA A MINHA



Foto de Gabriel Pereira



                                
           TRISTE SINA A MINHA
           Carlos Pereira


Triste sina a minha!
Grande a minha dor…
Doía menos quando tinha,
A incerteza do teu amor.

Sopra o vento agreste,
Vindo da montanha.
O amor que me deste…
É tristeza tamanha.

Não haverá futuro
Para esta semente.
Teu corpo maduro,
De mim, já nada sente.


Aveiro, 22.01.2011


sexta-feira, 6 de maio de 2011

OUVE-SE AO LONGE O CROCITAR DOS CORVOS

Foto de Piedade Araújo Sol



                         
OUVE-SE AO LONGE O CROCITAR DOS CORVOS
Carlos Pereira


Ouve-se ao longe, o crocitar dos corvos,
Trazido pelo vento quente do vale, prenuncio
Da dilaceração da carne quente da minha solidão
E do sangue vivo do meu silêncio.
Ouço o eco da luz dos meus passos
A fugir do festim dos mortos.
Já não vou chegar a tempo, da coroação das aves,
Porque a penumbra, tomou conta de todas as estradas.


Aveiro, 13.02.2011



domingo, 1 de maio de 2011

MAIO



Foto de Piedade Araújo Sol



                               MAIO
                    Carlos Pereira



Vetusto, és, ó Maio, pelo peso dos anos;
Sempre renovado pelos ideais de Abril.
O povo, cravos vermelhos plantou nos canos
Das espingardas, para não mais ser servil.

Cravo vermelho! Vermelho Maio!
De papoilas em trigais a amadurecer;
Desta roda, deste cantar… eu só saio,
Quando a minha voz enrouquecer.

Poetas do meu país, não parem de cantar
O chão da terra da nossa fraternidade;
Cantemos e demos as mãos para alcançar,
O sonho d’ um povo em liberdade.

Maio maduro! Maio florido!
Em cada peito germina um ideal
Para que Abril seja cumprido;
Em memória dos teus filhos, Portugal.


                             Aveiro, 01.05.2010   

Publicado no Diário de Aveiro