CANAL DE SÃO ROQUE

CANAL DE SÃO ROQUE

Foto de Gabriel Pereira




sábado, 29 de janeiro de 2011

DESSE TEMPO







                      
                  DESSE TEMPO
                  Carlos Pereira                  


No chão longínquo da minha origem,
Sulcam águas de felicidade
Nos regatos da minha infância.
                  Desse tempo recordo-me,
Do olhar sereno, feliz, da minha mãe;
Orgulhosa da sua prole.


                 Aveiro, 04.01.2011




sábado, 22 de janeiro de 2011

SÃO TEMPOS DE BRUMA






  SÃO TEMPOS DE BRUMA
           Carlos Pereira


         São tempos, estes, de bruma
Que nos tornam entorpecidos.
Não há rei que se assuma
Neste reino de empobrecidos.

São tempos, estes, de seca;
No rio quase não corre água.
Há indultos para quem peca…
E lágrimas de tanta mágoa.

Grassa, jocosa, a indecência…
Vive, impune, a obscenidade…
Premeia-se, a ufana insciência.

Nesta coutada, neste arraial,
A mentira travestida de verdade;
Consagrou-se bravata nacional.

                Aveiro, 21.01.2011
                                              







                                              

         

sábado, 15 de janeiro de 2011

CREPÚSCULO



Foto de Salete Pereira


                                                      

                    CREPÚSCULO
                   Carlos   Pereira

                    

Crepúsculo; diáfana luz de cristal…
Em tuas asas vem descendo a Eternidade;
Feita de estrelas e sois de mar e sal
Numa fusão de constelações sem idade.

Nessa luz mágica e transcendental
Sonho mundos de fraternidade;
Onde todo o homem será igual
Em sua grandeza e genialidade.

Para lá dos horizontes da exactidão;
Busco, incessante, a verdade e a razão
Para vencer o caminho da incerteza.

Que a tua luz viva só mais um instante
Na duração fugaz d’ um olhar distante;
Que minha alma a sorrir manterá acesa.

                                        
                       Aveiro, 13.05.2010  



                              

sábado, 8 de janeiro de 2011

CAMPOS DE LÍRIOS



Foto de Gustavo Martins





CAMPOS DE LÍRIOS
Carlos Pereira



Campos de lírios,
De azul encastrados,
Em poemas de utopia
E destinos imprecisos.

Círios,
De luz esquálida
Em crepúsculo desejado;
Alumiando
Amores indecisos.

Ó martírios!
Que em torrentes
De magma e sangue…
Deixam meu corpo exangue
E empalidecem meus sorrisos.


Aveiro, 18.05.2010

sábado, 1 de janeiro de 2011

SINTO QUE NÃO FIZ TUDO



Foto de Gustavo Martins



              
       SINTO QUE NÃO FIZ TUDO
                  Carlos Pereira



Sinto que não fiz tudo para afastar
As sombras de silêncio dos teus olhos;
Para te levitar num segundo que fosse
E voarmos em segredo nas asas do vento;
Numa viagem sem regresso anunciado
Até à nossa estrela preferida.

Sinto que não devia ter-me esquecido
De te dizer que as palavras …
São mais importantes que os gestos;
Estes podem impressionar os sentidos;
As palavras entram-nos na alma
E ficam eternamente reféns dela.


                                 Aveiro, 13.10.2010


                   Publicado no Diário de Aveiro