CANAL DE SÃO ROQUE

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Foto de Gabriel Pereira




domingo, 18 de agosto de 2013

MOMENTOS

 
 
Foto de Carlos Pereira
 
 
 

MOMENTOS
Carlos Pereira
 
 
Sustêm a respiração se vires o voo da águia
suspensa no céu da imutável planície.
 
Sublima a emoção silenciosa e límpida
desse momento livre, de calmaria etérea,
em que as palavras não são necessárias
para glorificar toda a terra.
 
Deixa que a lentidão do vento,
traga a harmonia dos gestos apoteóticos
na ondulação do trigo e
a sublimação da raiz materna no centro do mundo.
 
Deixa tanger as cordas retesadas da natureza
para que a música se expanda do seu interior
em suaves cânticos.
 
Fecha os olhos e abre as asas do teu coração
e voa como a águia na plenitude dos dias.
 


Aveiro, 14.05.2013
 
Publicado no Diário de Aveiro

 

 

 

 
 
 



terça-feira, 13 de agosto de 2013

PROBABILIDADES

 
 
Foto de Carlos Pereira
 
 
 
 
 
PROBABILIDADES
Carlos Pereira
 
Se por acaso me vires: olha
o interior do meu corpo,
espaço árido;
tão árido que, provavelmente,
nem os teus mais húmidos beijos
dissipam a minha sede.
 
Ainda assim, beija-me,
posso estar errado.
 
 
Aveiro, 20.01.2013
 
 



sexta-feira, 9 de agosto de 2013

VOLUMETRIA DO VALOR

 
 
Foto de Carlos Pereira
 
 
 
 
 

VOLUMETRIA DO VALOR
Carlos Pereira
 


Tudo: pode ser

muito, pouco ou coisa nenhuma.

Do ponto de vista artístico pode ser muito

ou quase tudo.

Do ponto de vista emocional pode ser pouco

ou quase nada.

Do ponto de vista metafísico pode ser ínfimo

ou coisa nenhuma.

Os olhos e o coração, é que quantificam

a volumetria do valor.

A mim, cabe-me apenas, aceitar os seus desideratos.
 

Aveiro, 19.02.2013
 




sexta-feira, 2 de agosto de 2013

RIA MINHA AMADA

Foto de Carlos Pereira
 
 
 
 
 
 
 

RIA MINHA AMADA
Carlos Pereira
 
 
Alta vai a noite e tu, ó ria, ainda acordada
De braço dado com a lua a velar o teu moliceiro.
Cantas canções de embalar até de madrugada
Para adormeceres o teu amor de sempre: Aveiro.
 
Do ventre azul das tuas salinas nasce o sal. A nortada
É o seu alimento e o sol, fiel companheiro.
Do alto da capela de São Gonçalinho, és abençoada,
Para que navegue sem sobressalto o velho salineiro.
 
Ao longo das tuas margens sustentas os povos,
Desde Ovar até Mira, com a mesma generosidade.
Das tuas águas emanas luz e nascem sonhos novos.
 
Arrais, pescadores e varinas são teus amigos dilectos.
Os catraios aprendem a arte da pesca com sagacidade
E histórias que o avô conta, entre traquinices e afectos.
 
 

Aveiro, 20.04.2013
Publicado no Diário de Aveiro