CANAL DE SÃO ROQUE

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Foto de Gabriel Pereira




domingo, 26 de dezembro de 2010

POETA NÃO SOU



Foto de Piedade Araújo Sol








      POETA NÃO SOU
        Carlos Pereira


Poeta não sou… e sê-lo;
É miragem de oásis.
Engenho; não vou tê-lo…
Se a arte não acompanha o lápis.

Mesmo assim, teimo e escrevo;
Palavras simples, irmanadas
Em abraços de ternura e enlevo;
Por minha alma pintadas.

Verso que de mim se aparta,
Num frémito pungente…
Se for para o céu; então que parta.

Para mitigar a dor de o sentir ausente,
Aos deuses rogo que me envie uma carta
De saudade… com uma estrela cadente.

                
                                
                        Aveiro, 06.04.2010   






sábado, 18 de dezembro de 2010

NESTE RIO DE MEMÓRIAS



Foto de Gustavo Martins




         NESTE RIO DE MEMÓRIAS
                    Carlos Pereira



Neste rio de memórias onde me deito
Num barco feito de vento e de nuvens;
Escuto a canção que tu cantavas,
Para que eu sorrisse e sonhasse.

Ouço a tua voz feita de pedaços de céu,
De estrelas, de palavras inventadas
Na imensidão dos teus sorrisos,
Para que eu vença a íngreme estrada.

Quero adormecer contigo por perto;
Envolto na suavidade do teu olhar
E nesse teu jeito de amar tão sublime,
Para que eu renasça em cada manhã.


                    Aveiro, 10.12.2010

sábado, 11 de dezembro de 2010

AI DE NÓS!



Fotos de Piedade Araújo Sol




                                                       
    AI DE NÓS!
 Carlos Pereira


                    Grão de areia
Grão de arroz
Canto de sereia
Ai de nós!

Vetustas pontes
Duros trilhos
Secam fontes
Ai dos nossos filhos!

Canto da cigarra
Formiga no lamaçal
Uva pouca, muita parra
Ai de Portugal!


       Aveiro, 04.12.2010

sábado, 4 de dezembro de 2010

AO POETA TUDO É PERMITIDO

Foto de Gustavo Martins




                  AO POETA TUDO É PERMITIDO
                                Carlos Pereira


Tudo é permitido ao poeta;
Fingir, amar, até mentir.
Não tem vocação de asceta;
Na contemplação o mesmo sentir.

Ao poeta tudo é permitido;
Finge preocupação com o porvir.
A palavra, seu bem mais querido,
Sustenta-o nesse seu fingir.

Prefere a curva à linha recta;
Aumentando, assim, o caminho
Do sonho e da ilusão suprema.

Do cupido, anseia a doce seta
Do amor que lhe dará ninho;
Onde o espera o mais belo poema.


               Aveiro, 12.10.2010