CANAL DE SÃO ROQUE

CANAL DE SÃO ROQUE

Foto de Gabriel Pereira




quinta-feira, 30 de junho de 2011

GUARDO COMIGO O DESPERTAR DOS TEUS SENTIDOS



Foto de Carlos Pereira



                                                                       
GUARDO COMIGO O DESPERTAR DOS TEUS SENTIDOS
Carlos Pereira


Guardo comigo o despertar dos teus sentidos
Na madrugada da noite em que nos amámos;
Com os nossos corpos, de amor vestidos,
Em arremedos de volúpia, nos rejubilámos.

Regressaremos a esse momento, movidos
Pela força dos poemas que já escutámos.
E ao apelo dos nossos corações, comovidos,
Voltaremos a essa noite em que nos honrámos.

Havemos de emoldurar as estrelas do nosso céu
Com as cores do arco-íris e gestos de ternura;
Em harmonia com a claridade da nossa loucura.

Teu corpo emergirá da transparência do teu véu
E com a sua luminosidade, dará luz divina e pura,
À tua imagem aparente de amante obscura.


Aveiro, 01.03.2011




           



quinta-feira, 23 de junho de 2011

O DIA NASCEU ÀS AVESSAS



Foto de Gabriel Pereira



            O DIA NASCEU ÀS AVESSAS
Carlos Pereira


O dia nasceu às avessas,
Com as aves voando para trás
Num voo desesperado;
Ansiando retornar ao ovo materno,
Donde só sairão quando os dias nascerem
Como nascem as flores;
Sem brocados, mas livres.


         Aveiro, 04.02.2011



quarta-feira, 15 de junho de 2011

LIBERDADE



Foto de Carlos Pereira


         
LIBERDADE
Carlos Pereira


Já fui lume, labareda, fogueira,
Lava vermelha acesa de vulcão.
Já fui chão duro tornado eira
Do trigo loiro antes de ser pão.

Já fui palavra exacta, verdadeira,
Arquétipo d’ um povo, emoção.
Já fui água d’ um rio, cristalina e ligeira;
Esperança, sonho d’ uma Nação.

Já fui balada, arma, voz de trovador,
Sangue, lágrima, essência de poeta;
Nebulosa, luz do Sol, cauda de cometa.

Já fui sorriso de criança, cravo e dor,
Divisão do Bem e do Mal, meridianos;
Gládio de arauto anunciando desenganos.


Aveiro, 15.05.2011

Publicado no Diário de Aveiro

in "Poetas d'hoje" Antologia III - Edição do Grupo de Poesia da Beira Ria / Aveiro 2016

                                      



sexta-feira, 10 de junho de 2011

MARINHEIROS



Foto de Carlos Pereira


             


MARINHEIROS
Carlos Pereira


Aqui, neste mar de longas horas,
Onde a Terra e o Sol se irmanam em segredo
Para céus nunca sonhados;
Ouço cânticos plangentes
Acompanhados por lágrimas salgadas
De marinheiros inflamados;
Corroídos de saudade de suas Mães
E da Pátria; suas amadas.

Aveiro, 19.05.2011

quarta-feira, 1 de junho de 2011

COM O DEVIDO PEDIDO DE PERMISSÃO

     
Em quase um ano (completa a amanhã) de existência do meu blogue, nunca publiquei senão poemas da minha autoria. Todavia, hoje, vou fazê-lo; trata-se do poema "..do Canto" do blogue "d'Alma" cuja poesia é, no meu entender, de enorme qualidade literária.
Tem, este meu propósito, agradecer ao seu autor, poeta que muito admiro, a especial alusão ao meu poema "NO MEU CANTO".
Peço, igualmente, permissão ao autor do blogue "d'Alma" e ao autor do blogue "Epee" que proferiu tão magnificente comentário ao poema "..do Canto" para publicá-lo, a fim de podermos ver de uma forma mais "poética" a relação existente entre os dois poemas.


..do Canto








.
.
.

"É no teu canto que eu canto,
Quando adivinho em teu canto,
O canto que no canto se faz memória,
Aninha-se em cantos a desaparecida glória,
Cantos onde cantos mudos já não causam espanto,
Por ávido canto de estrelas onde canta a escória!...
Há o refúgio suave de asas ao vento em teu recanto,
Onde os teus Poemas são serenos registos de Victória!..."

Roubei eu,
Este Poema que dei,
E se ao dá-lo, bem o pensei,
Não penso que seja só Poema meu,
É também de quem no seu canto o recebeu,
Sem saber do pouco que de seu canto sei,
É Poema que ao lho dar ele mo deu,
Comentário rimado que roubei!...


.
.
.


Autor: A.  "do blogue d'Alma"









Blogger epee disse...





De conteúdo imprescindível, no presente, a inspiração poética, e o poema “..do Canto” conta a história que é de chama ao verso acionado pela capacidade de percepção e de imaginação, na influência recíproca da comunicação da recepção estabelecida entre poesia e leitor [Krystald’Alma / Poemas da Ria].


Na produção artística, a linguagem. Na técnica, a comunicação. O diálogo. E um presente roubado “[Roubei eu, / Este Poema que dei,”]. Durante o processo de leitura, a inspiração [“E se ao dá-lo, bem o pensei,”]. Na arte final, o verso d’Alma. Um privilégio de ambos [“Não penso que seja só Poema meu, / É também de quem no seu canto recebeu,”]. Ao Poeta a poesia, à poesia o Poeta. A leitura aponta a perspectiva da imaginação e convertido em tema [“Sem saber do pouco que de seu canto sei, / É Poema que ao lho dar ele mo deu,”] vislumbra um horizonte que é de canto e o processo de interação é mérito de reconhecimento [“Comentário rimado que roubei!...”].

A leitura da poesia é exclusividade do leitor. A poética d’Alma, seja desde a escolha de seus temas, até a escolha de estilos e formas que caracterizam sua linguagem, expressa através de sua postura muito mais que uma simples característica da personalidade, um modelo a ser seguido, ou espelhado, e supera a elegância e a criatividade. Os temas podem se repetir, assim como vida se repete em muitas outras vidas, mas o estilo, este não, é próprio de cada poema. O recebimento de um texto por parte de um leitor, se crônica, ou prosa, conto ou poema, não provoca o mesmo efeito em um outro. As semelhanças podem existir, ou não, necessariamente. Adivinhamos. Conjecturamos. Depreendemos. E erramos numa proporção muito maior aos acertos. Insistimos. Na mão única.

A feliz escolha das palavras e das rimas, a poeticidade, a performance corporal conduz ao ritmo que faz a melodia e a poesia atinge os órgãos dos sentidos [“É no teu canto que eu canto”]. A estrofe é instrumento e a música acontece; d’Alma canta [“Há o refúgio suave de asas ao vento em teu recanto,”] e um convite se propaga no espaço que é de paz e harmonia [“Onde os teus Poemas são serenos registos de Victória!...”]. Fechamos os olhos e aproveitamos o momento.

E assim se forma um ciclo de realimentação criativa entre linguagem e arte. Na mão dupla, d’Alma e Carlos Pereira.

¬
30 de Maio de 2011 16:35