Foto de Salete Pereira
O VOO DO INSECTO
Carlos Pereira
Há uma brandura na mão que afaga o
rosto da tarde,
e o silêncio da noite estelar irá comover-se
com esse gesto.
O voo do insecto projecta-se na seara
através do vento tórrido de um verão de
pedra,
e o suor desse esforço dessedenta o
sangue aceso
das veias do solo rugoso e gretado,
cemitério incandescente, onde descansam
os ossos
do nosso comiserador descontentamento.
Aveiro, 31 de Agosto de 2016
Publicado no Diário de Aveiro