Foto de Piedade Araújo Sol
BASTA-ME POUCO
Carlos Pereira
Basta-me pouco, quase nada,
E é tão pouco o que ambiciono;
Nunca tive de mão beijada
O muito pouco do que sou dono.
Basta-me pouco, não reclamo;
Guardo tudo por que tenha apreço.
Como toda a gente, também, clamo,
Mas apenas, aquilo que mereço.
Nesta vida de seis décadas, aprendi,
Dar às coisas pueris algum valor;
Desse dar tão pouco nunca me arrependi.
Às vezes o que aparenta ser dor,
No olhar triste de quem, triste, sorri;
Não é mais do que a falta de amor.
Aveiro, 25.01.2011